Produtos agro-alimentares tradicionais qualificados: definição da qualidade em rede de actores
Produtos agro-alimentares tradicionais qualificados: definição da qualidade em rede de actores
Índice
A União Europeia publicou, em 1992, legislação comunitária relativa à protecção do nome de produtos que, pela sua origem geográfica e modos de produção, possuem características qualitativas particulares. Tais produtos são vulgarmente designados «Produtos de Qualidade Superior» (PQS) ou «Espe- cífica» (PQE). A teoria económica neoclássica postula que o funcionamento normal do mercado é suficiente para garantir a difusão de um bem, pelo que a concorrência entre vendedores será a forma de coordenação que melhor garante a qualidade dos produtos e os compradores os únicos juízes dessa qualidade. Contudo, o reconhecimento da diversidade dos bens, a incerteza sobre as suas qualidades e os problemas de informação sobre essas mesmas qualidades têm colocado problemas aos economistas clássicos defensores do modelo de mercado. Por outro lado, diferentes autores referem que o quadro conceptual proposto pela teoria económica neoclássica não se adapta à natu- reza dos processos de protecção comunitária de produtos, em que uma multi- plicidade de actores intervém sobre a definição da qualidade dos produtos, a qual será objecto de negociação e debate, ultrapassando a simples referência ao preço de mercado. É objectivo principal deste artigo validar a pluralidade das convenções, proposta pela corrente convencionalista da teoria económica, na definição e construção do perfil de qualidades associado aos produtos tra- dicionais agro-alimentares qualificados. A investigação compreende o estudo das percepções e atitudes dos diferentes actores que operam nas fileiras dos produtos e integra i ) a identificação dos elementos de especificidade e tipici- dade dos produtos e ii ) o estudo de aspectos relacionados com os factores da qualidade, as suas dimensões, os mecanismos de garantia da qualidade e as formas de coordenação que intervêm na regulação do mercado.
ASSELIN, C., BARBEAU, G., BUCHIN, S., BRUNSCHWIG, G., COULON, J.B., MORLAT, R., PRADEL, P., VERDIER, I., VIALLON, C. (1999). «Etude du lien entre terroir et produit dans le cas des fro- mages et des vins», in C. Beranger e E. Valceschini (coords.), Qualite des Produits Liee a Leur Origine, Paris, INRA, pp. 67-93.
BARBERIS, CORRADO (ed.) (1992). Les Micromarchés Alimentaires: Produits Typiques de Qualité Dans la Régions Méditerranéennes, Luxembourg, Programme Agrimed, CCE, Direction Générale de l’Agriculture.
BARJOLLES, DOMINIQUE, SYLVANDER, BERTIL (1999). «Some factors of success for origin labelled products in agri-food suplly chains in Europe: market, international resources and Institu- tions», 67º EAAE Seminar The socio-economics of origin labelled products in agrifood supply chains: spatial, institutional and co-ordination aspects, Le Mans, France, October 28-30, 32 p.
BARROS, VÍTOR (1998). Produtos Tradicionais Regionais – Uma Estratégia com Futuro – Guia dos Produtos de Qualidade, Lisboa, DGDR.
BÉRARD, LAWRENCE, MARCHENAY, PHILIPPE (1995). «Lieux, temps et preuves. La construction sociale des produits de terroir», Terrain, nº 24, pp. 153-164.
BÉRARD, LAWRENCE, MARCHENAY, PHILIPPE (1996). «La construcción social de los productos de la tierra», Agricultura y Sociedad, nº 80-81, pp. 31-56.
BÉRARD, LAWRENCE, BEUCHERIE, OLIVIER, FAUVET, MARIE, MARCHENAY, PHILIPPE, MONTICELLI, CHRISTINE (1999). «Les facteurs historiques, culturels et environnementaux dans la délimi- tiation des zones IGP», 67th EAAE Semínar – The Socio-economics of Origin Labelled Produts in Agriffod Supply Chains: Spatial, Institutional and Co-ordination Aspects, Le Mans, 18 p.
BERNAT, ELENA (1996). «Los ‘nuevos consumidores’ o las nuevas relaciones entre campo y ciu- dad a través de los ‘productos de la tierra’», Agricultura y Sociedad, nº 80-81, pp. 83-116.
BOLTANSKI, LUC, THÉVENOT, LAURENT (1987). «Les économies de la grandeur», Cahiers du Centre d’Etudes de l`Emploi, nº 31, Paris, PUF.
BOUQUERY, J.M. (1994). «Caractéristiques de qualité particulières et chaîne de qualités patri- moniales: définition et implications pour le marketing et le développement», in J.-L. Multon (ed.), La Qualité des Produits Alimentaires: Politique, Incitations, Gestions et Vontrôle, Paris, Collection Sciences & Techniques Agro-Alimentaires, pp.103-116.
CALDENTEY, PEDRO, GÓMEZ, A. CRISTINA (1996a). «Productos típicos, territorio y competitivi- dad», Agricultura y Sociedad, nº 80-81, pp. 57-82.
CALDENTEY, PEDRO, GÓMEZ, A. CRISTINA (1996b), «La producción de materias primas: produc- tos típicos», Seminario Ischia: Los Sistemas Alimenticios Mediterráneos (Comparaciones y Perspectivas), Itália, 13-15 junio, 26 p.
CALDENTEY, PEDRO, GÓMEZ, A. CRISTINA (1997a). «Typical products, technical innovations and organizational innovations, 52nd Seminar of the European Association of Agricultural Eco- nomists, Parma, June, 19-22, 19 p.
CALDENTEY, PEDRO, GÓMEZ, A. CRISTINA (1997b). «Productos agroalimentarios típicos y territo- rio. Alimentos con historia. Alimentos de calidad», Distribución y Consumo, Diciembre, pp. 69-73.
CARVALHO, BRITO (1995). «Defesa e valorização dos produtos de tecnologia caseira», A Rede para o Desenvolvimento Local, n.º 12, pp. 10-20.
CEE (1992a). «Regulamento (CEE), 2081/92», JOCE, N.º L208, 24/07/92. CEE (1992b). «Regulamento (CEE), 2082/92», JOCE, N. º L208, 24/07/92.
CREYSEL. P. (1994). «Préface», in J.-L. Multon (ed.), La Qualité des Produits Alimentaires: Poli- tique, Incitations, Gestions et Contrôle, Paris, Collection Sciences & Techniques Agro-Ali- mentaires.
DELFOLSSE, CLAIRE (1991). «Les produits du terroir et la recherche», POUR, Alimentation et Lien Social, nº 129, Juin, pp. 25-33.
ERGUY, T., HERVÉ, R., SIRIEIX, L. (1999). «Perception et valorisation des produits du terroir par les entreprises agroalimentaires du Languedoc-Roussillon», in Louis Lagrange (coords.), Signes Officiels de Qualité et Développement Agricole, Actes de Colloque SFER, 14/15 Avril, Clermont-Ferrand, ENITA, INRA, pp. 249-257.
EYMARD-DUVERNAY, François (1989). «Conventions de qualité et formes de coordination»,Revue Economique, vol. 40, nº 2, pp. 329-359.
EYMARD-DUVERNAY, François (1993). «La négociation de la qualité», Économie Rurale, nº 217, Septembre-Octobre, pp. 12-17.
EYMARD-DUVERNAY, François (1995). «La négociation de la qualité», In François Nicolas et Egi- zio Valceshini (eds.), Agro-Alimentaire: Une Economie de la Qualité, Paris, INRA, Econo- mica, pp. 39-48.
FRAGATA, ANTÓNIO, CONDADO, MANUELA (1996). A Castanha da Terra Fria como Caso de Construção Social da Qualidade, Animar, Série Produtos Locais 2.
FROC, J., TRIFT, N., SCHEFFER (1999). «Une loi, dês concepts, dês mots et dês produits», C. Beranger, E. Valceschini (coords.), Actes du Séminaires Qualité des Produits Liee a Leur Origine, Paris, pp. 21-59.
GOMEZ, PIERRE-YVES (1994). Qualité et Théorie des Conventions, Paris, Collection Recherche en Gestion, Economica.
HODGSON, GEOFFREY (1994). Economia e Instituições: Manifesto por uma Economia Institucio- nalista Moderna, Oeiras, Celta Editora.
LAGRANGE, LOUIS (1989). La Commercialisation des Produits Agricoles et Agro-Alimentaires.Technique et Documentation, Paris, Lavoisier.
NIEDERLE, PAULO (2010). A incorporação do conceito de Indicação Geográfica de Procedência na viticultura brasileira, comunicação apresentada no IV congresso de Estudos Rurais, Aveiro: Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais (SPER), 4 a 6 de Fevereiro 2010.
ORLÉAN, ANDRÉ (1994). Analyse Économique des Conventions, Paris, Press Universitaire de France (PUF).
RIBEIRO, MANUELA, MARTINS, CONCEIÇÃO (1996). «La certificación como estrategia de valoriza- ción de productos agroalimentarios tradicionales: la alheira, um embutido tradicional de Trás-os-Montes», Agricultura y Sociedad, nº 80-81, pp 313-334.
SCHEFFER, SANDRINE (1999). Les Caractéristiques du Langage Courant des Agentes de l’INAO, Le Mans, Centre de Nantes, UREQUA.
SCHEFFER, SANDRINE e ROCIN, F. (1999). «Qualification des produits e des terroirs dans la reconnaissance des produits en appellation d’origine contrôlée», In Louis Lagrange (coord.), Signes Officiels de Qualité et Développement Agricole, Aspects Techniques et Economiques, INRA, ENITA, Clermont-Ferrand.
SCHERMER, MARKUS, MATSCHER, ANJA (2010). The perception of quality aspects for mountain products in long supply chains – Cases from Slovenia and Austria, comunicação apresen- tada no 9th European IFSA Symposium. Viena: International Farming Systems Association (IFSA), 4-7 July 2010.
SYLVANDER, BERTIL (1991a). «Conventions de qualité et lien social sur les marchés agro-ali- mentaires», POUR, Alimentation et Lien Social, nº 129, Juin, pp. 35-45.
SYLVANDER, BERTIL (1991b). «Pour un modèle global de la qualité alimentaire», 3éme Colloque de la Société Française d`Economie Agro-alimentaire (SFEA), Nantes, 5-6 Décembre 1991.
SYLVANDER, BERTIL (1992a). Les Conventions de Qualité dans le Secteur Agro-Alimentaire: Aspects Théoriques et Méthodologiques, Toulouse, INRA, Département d`Économie et Sociologies Rurales, 26 p.
SYLVANDER, BERTIL (1992b). Conventions de qualité, concurrence et coopération: Les cas du ‘Label Rouge’ dans la filière volailles», Projet de communication au séminaire Economie des Institutions, Septembre, Toulouse, 34 p.
SYLVANDER, BERTIL (1994). «La qualité: du consommateur final au producteur. La construction sociale de la qualité: des produits aux façons de produire», in Marianne Cerf, Christine Aubry, Christine de Saint-Marie, Bernard Hubert, Egízio Valceshini, Bertrand Vissac (eds.), Qualité et Systèmes Agraires. Techniques, Lieux, Acteurs, Etudes et Recherches sur le Systèmes Agraires et Développement, nº 28, INRA, SAD, pp. 27-49.
SYLVANDER, BERTIL (1995a). «Conventions de qualité, concurrence et coopération: cas du ‘La- bel Rouge’ dans la filière Volailles», in Gilles Allaire et Robert Boyer (eds.), La Grande Transformation de L‘agriculture, Paris, INRA – Economica, pp.73-96.
SYLVANDER, BERTIL (1995b). «Origine géographique et qualité des produits: approche économi- que», Revue de Droit Rural, nº 237, pp. 465-473.
SYLVANDER, BERTIL (1995c). «Qualités et garanties de qualités: la perception des consomma- teurs et l’approche marketing», Colloque ATLA: Journées d‘Échanges et de Réflexion des Entreprises Laitières Françaises, Indications géographiques, signes de qualité et produits laitiers, Paris, 9 p.
SYLVANDER, BERTIL (1995e). «Conventions de qualité, marchés et institutions: le cas des pro- duits de qualité spécifique», in François Nicolas et Egizio Valceshini (eds.), Agro-Alimen- taire: Une Economie de la Qualité, Pais, Economica, INRA, pp. 167-183.
SYLVANDER, BERTIL, LASSAUT, BERNARD (1994), «L’enjeu économique de la qualité sur les mar- chés des produits agro-alimentaires», in J.-L. Multon (ed.), La Qualité des Produits Ali- mentaires: Politique, Incitations, Gestions et Contrôle, Paris, Lavoisier, pp. 29-59.
SYLVANDER, BERTIL, MELET, IRÈNE (1992). Marches des Produits de Qualité Spécifique Et Con- ventions de Qualité Dans Quatre Pays de la CEE: Enquête de consommation (Rapport France), Toulouse, INRA.
SYLVANDER, BERTIL, MELET, IRÈNE (1994). La Qualité Spécifique en Agro-alimentaire: Marchés, Institutions et Acteurs, Toulouse, INRA, 143 p.
TIBÉRIO, LUÍS, CRISTÓVÃO, ARTUR (1998). «A origem como factor de qualidade dos produtos agrícolas e agro-alimentares: o caso dos produtos beneficiários da Protecção Comunitária ‘Denominação de Origem Protegida’», Actas das Jornadas Interprofissionais Agro-Alimen- tares Produtos com História, Mirandela, 20 p.
TIBÉRIO, LUÍS (2003). Construção da qualidade e Valorização dos Produtos Agro-alimentares Tradicionais – Um Estudo da Região de Trás-os-Montes. Tese de Doutoramento. Vila Real, UTAD, DESG, 541 p.
Construção da Qualidade; Denominação de Origem Prote- gida; Economia das Convenções; Indicação Geográfica Protegida; Produtos agro-alimentares tradicionais