Design de novos produtos e serviços na era digital – alguns limites éticos
- INTRODUÇÃO
A conceção de produtos e serviços é uma área complexa de trabalho, nomeadamente pelas interações entre equipas, tecnologias e áreas de conhecimento. O ciclo da qualidade e da inovação e desenvolvimento de novos produtos mostra que as primeiras fases (identificação de necessidades e expetativas, expressão funcional das mesmas e design) determinam o custo do ciclo de vida. As melhores soluções para a sustentabilidade (ambiental, económica e social) são também encontradas na fase de design/conceção.
Ao longo do tempo têm sido desenvolvidas técnicas e metodologias para ajudar a conceção de que são exemplos: Gestão do Valor, QFD, FMEA, KANSEI, Teoria Axiomática (Suh, 1993; 2001). Nestas, o cliente não tinha que dar nada em troca para além da quantia monetária, embora sendo desejado o seu envolvimento no design.
A era digital vem trazer alterações significativas. Do lado positivo, são exemplos o acesso a informação e a funcionalidades diretamente úteis aos clientes/consumidores/cidadãos. Do lado negativo, temos o uso de dados pessoais para fins de publicidade dirigida de bens e serviços, usando técnicas mais ou menos agressivas de marketing, por vezes tentando condicionar os comportamentos.
Contudo, outro fenómeno ocorre frequentemente, talvez induzido por deficiente entendimento das relações desejadas entre fornecedores e clientes: as plataformas de serviços (ou melhor de autosserviços), são desenhadas, com frequência, para beneficiar o fornecedor, prejudicando o cliente (ex.: exigindo deste meios informáticos).
Neste artigo, questionamos as práticas de conceção na era digital, incluindo princípios, valores, conceitos nefastos, e utilidade de reforçar as componentes éticas.
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Design; Digital; Ética; Qualidade