Entre gestão de risco e gestão da qualidade nas CPCJ
Num contexto atual, de valorização e dignificação da Infância, onde o expectável é que a criança, durante o seu processo de crescimento e maturação, consiga adquirir competências para o exercício de uma cidadania plena, coexistem riscos que assolam as vidas de muitas delas, fazendo perigar a efetivação dos seus direitos e, consequente, o seu desenvolvimento seguro. No balanço, entre a maximização do bem-estar e a minimização dos efeitos indesejáveis dos riscos, no qual o modus operandi dos profissionais toma forma, como é garantida/gerida a qualidade na intervenção de proteção à criança, no âmbito das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ)?
De forma a responder a esta questão, e aferir o que contribui para a qualidade das práticas nessas entidades, enveredamos por uma investigação qualitativa multi-method, alicerçados numa filosofia pragmatista e socorrendo-nos de metodologias indutivas. Auscultamos alguns dos sujeitos empíricos (entre estrutura de coordenação, acompanhamento e avaliação da ação das CPCJ, e alguns profissionais do sistema de proteção), descobrindo as suas exegeses e representações do sistema onde operam.
Ao nível dos resultados, apresentamos o modelo de gestão da qualidade percecionado e ferramentas/ações que são utilizadas, tendo em vista a sua melhoria contínua, incluindo ao nível do processo decisório.
Ana Carina Ruxa is a social worker who has just successfully completed her PhD in Social Work at Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, with the support of a research grant from the Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) SFRH/BD/145961/2019, under the supervision of Professors Jorge Ferreira and Margarida Eiras. Her research interests are in the areas of child protection and well-being and quality in these domains.
Jorge Ferreira has received a PhD from ISCTE – University Institute of Lisbon (Portugal), where he is currently Associate Professor, Director of the Doctoral program in Social Work and Member of the Scientific Commission Department of Political Science and Public Policy. He is also Vice President of the Scientific Society of Social Work and of the Association for International Social Work and Secretary of REdidi – Network Ibero-americana. He is member of the editorial board of several national and international Journals of Social Work. His research interests are in the area of Childhood.
Margarida Eiras has received a PhD from the National Public Health School, Nova University of Lisbon – Portugal. She is currently Adjunct Professor at the Higher School of Health Technologies of Lisbon. Her research interests are in the areas of quality and management.
Adams, R. (2009). Quality Assurance. Em Adams, R., Dominelli, L. & Payne, M., Practicing Social Work in a complex world (2ª Ed, pp. 213-227). Palgrave Macmillan.
Azungah, T. (2018). Qualitative research: Deductive and inductive approaches to data analysis, Qualitative Research Journal.
https://www.researchgate.net/publication/343523335_Qualitative_Research_Journal_Article_information_For_Authors_Qualitative_research_deductive_and_inductive_approaches_to_data_analysis
Banks, S. (2004). Ethics, accountability and the social professions. Palgrave Macmillan.
Bardin, L. (2020). Análise de conteúdo. Edições 70.
Beck, U. (2000 [1999]). World Risk Society. Polity Press.
Beck, U. (2011). Sociedade de risco – Rumo a uma outra modernidade (2ª Ed.). Editora 34.
Belsky, J. (1980). Child maltreatment: An ecological integration. https://www.researchgate.net/publication/15812067
Biesel, K., Masson, J., Parton, N. & Pösö, T. (2020a). Errors and mistakes in child protection: An introduction. Em K. Biesel, J. Masson, N. Parton & T. Pösö (Eds.), Errors and mistakes in Child Protection: International discourses, approaches and strategies (pp. 1-16). Bristol University Press. http://www.jstor.com/stable/j.ctvz0h8bh.7
Blom, B. & Morén, S. (2012). The evaluation of quality in social work practice. NJSR – Nordic Journal of Social Research, 3, 71-87.
CNPCJR, Casa Pia de Lisboa, Câmara Municipal do Montijo, CDSS de Sintra, CDSS de Lisboa, CPCJ de Cascais, CPCJ de Sintra Ocidental, IAC, ISPA, ISS, I.P. & SCM de Lisboa (2011). Guia de orientações para os profissionais na Acção Social na abordagem de situações de maus tratos ou outras situações de perigo. CNPCJR / ISS, IP.
Coutinho, C. (2015). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática (2ª Ed.). Almedina.
Cree, V. & Wallace, S. (2009). Risk and Protection. Em Adams, R., Dominelli, L. & Payne, M., Practicing Social Work in a complex world (2ª Ed, pp. 42-56). Palgrave Macmillan.
Crosby, P. (1980). Quality is free – The art of making quality certain. McGraw-Hill, Inc.
Dahler-Larsen, P. (2019). Quality. From plato to performance. Palgrave Macmillan.
Decreto Lei n.º 159/2015, de 10 de agosto – Cria a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens.
Deloffre, M. (2016). Global accountability communities: NGO self-regulation in the humanitarian sector. Review of International Studies, 42(4), 1–24. https://doi.org/10.1017/S0260210515000601
Dias, N. & Melão, N. (2009). Avaliação e qualidade: Dois conceitos indissociáveis na gestão escolar. Tékhne – Revista de Estudos Politécnicos / Polytechnical Studies Review, VII(12), 193-214.
Doyle, J. (2004). Barriers and facilitators of multidisciplinary team working: A review. Paediatric Nursing, 20(2), 26-29.
ENAP (2014). Módulo 3 Gestão de Processos [Apostila]. https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/2332/1/1.%20Apostila%20-%20M%C3%B3dulo%203%20-%20Gest%C3%A3o%20de%20Processos.pdf
Franco, R. C. (setembro, 2004, 16-18). A ética e as organizações da sociedade civil – A questão da prestação de contas (“accountability”) no terceiro sector [Apresentação de comunicação]. VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Coimbra, Portugal. https://www.ces.uc.pt/lab2004/inscricao/pdfs/painel9/cfranco.pdf
Ganhão, T. (Coord.) (2013). Estrutura Comum de Avaliação (CAF) – Melhorar as organizações públicas através da autoavaliação. DGAEP.
Gonçalves, M. J. & Sani, A. I. (2013). Instrumentos jurídicos de proteção às crianças: Do passado ao presente. e-cadernos CES, 20, 186-200. https://doi.org/10.4000/eces.1728
Hogenboom, J. A. C., Mol, A. P. J. & Spaargaren, G. (2000). Dealing with environmental risks in reflexive modernity. Em M. J. Cohen (Ed.), Risk in the Modern Age social theory, science and environmental decision-making (pp. 83-106). Macmillan Press Ltd.
Kindler, H. (2008). Developing evidence-based child protection practice: A view from Germany. Research on Social Work Practice, 18(4), 319-324.
Lane, D. C., Munro, E. & Husemann, E. (2016). Blending systems thinking approaches for organisational analysis: Reviewing child protection in England. European Journal of Operational Research, 251, 613-623. http://dx.doi.org/10.1016/j.ejor.2015.10.041
Koppell, J. (2005). Pathologies of accountability: ICANN and the challenge of “multiple accountabilities disorder. Public Administration Review, 65(1), 94-108.
Lourenço, L. (2019). Qualidade e políticas públicas. O papel do Estado ou a falta dele. Em A. Pires, M. Saraiva & Á. Rosa (Eds.), TMQ – Techniques, methodologies and quality. Qualidade no futuro (pp. 81-95). Edições Sílabo.
Mainz, J. (2003). Methodology matters. Defining and classifying clinical indicators for quality improvement. International Journal for Quality in Health Care, 15(6), 523-530. https://doi.org/10.1093/intqhc/mzg081
Marques, R. (2017). Problemas sociais complexos e governação integrada. Fórum para a Governação Integrada.
Martins, P. C. (2004). Protecção de crianças e jovens em itinerários de risco. Representações sociais, modos e espaços [Tese de Doutoramento em Estudos da Criança, Universidade do Minho]. https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3238/1/1.%20Parte%20te%C3%B3rica.pdf
Masson, J. & Parton, N. (2018). England: Attempting to learn from mistakes in an increasingly ‘risk averse’ professional context. Em K. Biesel, J. Masson, N. Parton & T. Pösö (Eds.), Errors and mistakes in Child Protection: International discourses, approaches and strategies (pp. 35-53). Bristol University Press. http://www.jstor.com/stable/j.ctvz0h8bh.9
Menezes, M. D. (2019), Proteção à criança em tempos de austeridade – A intervenção do Serviço Social nas CPCJ. Edições Esgotadas.
Munro, E. (2007). SAGE course companions, knowledge and skills for success – Child protection. SAGE Publications Ltd.
Munro, E. (2011a). The Munro Review of child protection part one: A systems analysis. https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/624949/TheMunroReview-Part_one.pdf
Munro, E. (2011b). Young Persons’ Guide to the Munro Review of Child Protection. https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/624878/DFE-00063-2011_Munro-Review_childrens-guide.pdf
Munro, E. (2018). Decision‐making under uncertainty in child protection: Creating a just and learning culture. Child & Family Social Work. 24, 123–130. https://doi.org/10.1111/cfs.12589
Munro, E., Cartwright, N., Hardie, J. & Montuschi, E. (2016). Improving child safety: Deliberation, judgement and empirical research. Centre for Humanities Engaging Science and Society (CHESS) – Durham University.
Parasuraman, A., Zeithaml, V. A. & Berry, L. L. (1985). A conceptual model of service quality and its implications for future research. The Journal of Marketing, 49(4), pp. 41-50. Retrieved from https://doi.org/10.2307/1251430
Parton, N. (1996). Social work, risk and ‘the blaming system’. Em N. Parton (Ed.), Social theory, social change and social work. Routledge.
Patton, M. Q. (2002). Qualitative research & evaluation methods (3ª Ed.). SAGE Publications.
Raleigh, V. & Foot, C. (2010). Getting the measure of quality: Opportunities and challenges. The King’s Fund. https://www.kingsfund.org.uk/sites/default/files/Getting-the-measure-of-quality-Veena-Raleigh-Catherine-Foot-The-Kings-Fund-January-2010.pdf
Rittel, H. & Webber, M. (1973). Dilemmas in a general theory of planning. Policy Sciences, 4, 155-169. https://link.springer.com/article/10.1007/BF01405730
Ruxa, A. C. (2013). Trajetórias e narrativas do assistente social, enquanto profissional de promoção dos direitos e proteção de crianças e jovens – Da contemporaneidade ao advir [Dissertação de Mestrado em Serviço Social – Relatório Reflexivo sobre a Prática Profissional, UCP]. Repositório da UCP. http://hdl.handle.net/10400.14/13838
Ruxa, A. C. (2018). A trama complexa do risco/perigo na sociedade de risco [Trabalho desenvolvido para a Unidade Curricular “Serviço Social e Sociedade Civil”, no Doutoramento em Serviço Social, não publicado]. ISCTE-IUL.
Ruxa, A. C. (2023). Sistema de Proteção à Criança e Indicadores da Qualidade nas CPCJ [Tese de Doutoramento, ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa]. Repositório do Iscte. http://hdl.handle.net/10071/28865
Stevens, I. & Hassett, P. (2007). Applying complexity theory to risk in child protection practice. Childhood, 14(1), 128-144. https://doi.org/10.1177/0907568207072535
Stevens, I. & Cox, P. (2008). Complexity theory: Developing new understandings of child protection in field settings and in residential child care. The British Journal of Social Work, 38(7), 1320-1336. http://justiciaysociedad.uc.cl/wp-content/uploads/2019/01/OBLIGATORIA-2-MUN%CC%83OZ-Complexity-Theory-Developing-New-Understandings-of-Child-Protection-1.pdf
Taylor, B. (2017). Decision making, assessment and risk in Social Work (3ª Ed.). SAGE Publications Ltd e Learning Matters Ltd.
Tilbury, C. (2006). Accountability via performance measurement: The case of child protection services. Australian Journal of Public Administration, 65(3), 48-61. https://doi.org/10.1111/j.1467-8500.2006.00493a.x
Timms, M. (2017). Creating a Culture of Accountability, Not Blame. https://michaeltimms.com/culture-of-accountability/
Timms, M. (2020, novembro 25). How Leaders Create Accountability [Webinar], Vancouver, Canadá.
Timms, M. (2021). How leaders can inspire accountability – Three habits that make or break leaders and elevate organizational performance. FriesenPress
Accountability; Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ); Gestão e Melhoria da Qualidade; Gestão do Risco/Perigo.