Mapeamento do Fluxo de Valor: uma ferramenta para agregar valor ao cliente
Uma metodologia amplamente utilizada em processos de melhoria contínua em organizações que buscam alcançar a excelência operacional e agregar valor ao cliente é o Mapeamento do Fluxo de Valor (MFV). Esta abordagem foi desenvolvida com base nos princípios do Lean Manufacturing e tem como objetivo identificar e eliminar atividades que não agregam valor aos produtos ou serviços, otimizando os fluxos de materiais e informações ao longo de todo o processo produtivo.
Um caso de aplicação do MFV em uma indústria, no qual a metodologia é combinada com o Seis Sigma, foi apresentado nos estudos de Chen, Li e Shady (2010), onde apresenta uma abordagem estatística para a melhoria da qualidade. Os autores destacaram que o MFV é uma ferramenta poderosa para identificar oportunidades de melhoria em processos produtivos complexos, permitindo a identificação de gargalos, tempos de espera e atividades redundantes. Através da análise do fluxo de valor atual e do desenho do fluxo de valor futuro, a empresa foi capaz de implementar ações de melhoria que resultaram em redução de custos, aumento da eficiência e melhoria da qualidade dos produtos.
Foi realizada por Singh, Garg e Sharma (2011) uma revisão da literatura sobre o MFV e suas implicações para a indústria indiana. Os autores destacaram que o MFV é uma abordagem flexível e adaptável, que pode ser aplicada em diferentes setores da indústria, desde a manufatura até serviços e processos administrativos. Através da identificação de atividades que não agregam valor, o MFV permite a identificação de oportunidades de melhoria, tais como a redução de desperdícios, o aumento da eficiência e a redução do ciclo de produção, resultando em uma maior satisfação do cliente.
Outro caso de aplicação do MFV na indústria automobilística, demonstrando como a metodologia pode ser utilizada para identificar oportunidades de melhoria em um processo produtivo complexo foi apresentado por Belokar, Kumar e Kharb (2012). Estes autores inferiram que o MFV permite a identificação de atividades que não agregam valor ao produto, tais como retrabalho, movimentação excessiva e esperas, e possibilita a implementação de ações de melhoria, como a otimização de fluxos, a redução de tempos de esperas e a implementação de sistemas puxados.
Vários estudos têm explorado a aplicação do MFV em diferentes contextos e setores da indústria. O estudo de Vinodh, Somanaathan e Arvind (2013) teve como objetivo desenvolver um mapa do fluxo de valor em uma organização de manufatura visando alcançar a eficiência enxuta. Os autores destacaram que o MFV permitiu a identificação de atividades que não agregavam valor aos produtos e serviços, tais como esperas, movimentação excessiva e retrabalho, e possibilitou a implementação de ações de melhoria que resultaram em redução de custos, aumento da produtividade e melhoria da qualidade dos produtos.
Outro estudo relevante é o de Haefner et al., (2014), que apresenta a aplicação do conceito de “Quality Value Stream Mapping” (QVSM), uma variação do MFV que tem como foco a melhoria da qualidade dos produtos e serviços. Os autores destacam que o QVSM é uma ferramenta poderosa para identificar oportunidades de melhoria relacionadas à qualidade, como defeitos, retrabalho e reprovação de produtos, permitindo a implementação de ações corretivas e preventivas que resultam em melhorias na qualidade dos produtos e serviços entregues aos clientes.
Além disso, o MFV também pode ser aplicado em processos de desenvolvimento de produtos, como destacado no estudo de Tyagi et al. (2015). Os autores apresentaram um caso de aplicação do MFV em um processo de desenvolvimento de produtos, no qual a metodologia foi utilizada para identificar atividades que atrasavam o processo e aumentavam o ciclo do projeto. Através da análise do fluxo de valor atual e do desenho do fluxo de valor futuro, a empresa foi capaz de implementar ações de melhoria que resultaram na redução do ciclo, possibilitando a entrega mais rápida de produtos aos clientes.
Já o estudo de Verma & Sharma (2016) apresenta a aplicação do conceito de “Energy Value Stream Mapping” (EVSM), uma variação do MFV que tem como foco a identificação de oportunidades de melhoria relacionadas à eficiência energética e sustentabilidade em processos de manufatura. Os autores destacaram que o EVSM é uma ferramenta eficaz para identificar atividades que consomem energia em excesso, geram desperdícios e impactam negativamente o meio ambiente, permitindo a implementação de ações de melhoria que resultam na redução do consumo de energia e na promoção de práticas de manufatura mais sustentáveis.
Além disso, o MFV também tem sido estudado em relação à indústria 4.0, como apresentado no estudo de Meudt, Metternich e Abele (2017). Os autores propuseram uma abordagem holística de “Value Stream Mapping 4.0” (VSM 4.0), que integra a análise dos fluxos de valor e da logística de informações na produção, considerando os aspectos relacionados à digitalização e automação dos processos produtivos. Os autores destacam que o VSM 4.0 é uma metodologia inovadora que permite identificar oportunidades de melhoria relacionadas à transformação digital e à indústria 4.0, possibilitando a implementação de ações que resultam em maior eficiência e competitividade.
Além disso, o MFV também tem sido avaliado empiricamente em indústrias de manufatura, como destacado no estudo de Lugert, Batz e Winkler (2018). Os autores realizaram uma avaliação empírica da adequação do MFV em indústrias de manufatura, identificando suas vantagens e limitações na prática. Os autores destacam que o MFV é uma metodologia eficaz para identificar oportunidades de melhoria em processos produtivos, permitindo a implementação de ações de melhoria que resultam em redução de custos, aumento da eficiência e melhoria da qualidade. No entanto, também apontam que o MFV pode apresentar limitações, como a necessidade de informações precisas e atualizadas, o envolvimento de diferentes áreas da organização e a necessidade de adaptação a diferentes contextos e setores.
Em resumo, o Mapeamento do Fluxo de Valor é uma metodologia poderosa para identificar oportunidades de melhoria em processos produtivos e gerenciais visando agregar valor ao cliente. Através da identificação de atividades que não agregam valor, o MFV permite a implementação de ações de melhoria que resultam em eficiência operacional, sustentabilidade, transformação digital e competitividade.
Chen, J. C., Li, Y., & Shady, B. D. (2010). From value stream mapping toward a lean/sigma continuous improvement process: an industrial case study. International Journal of Production Research, 48(4), 1069-1086.
Singh, B., Garg, S. K., & Sharma, S. K. (2011). Value stream mapping: literature review and implications for Indian industry. The International Journal of Advanced Manufacturing Technology, 53, 799-809.
Belokar, R. M., Kumar, V., & Kharb, S. S. (2012). An application of value stream mapping in automotive industry: a case study. International Journal of Innovative Technology and Exploring Engineering, 1(2), 152-157.
Vinodh, S., Somanaathan, M., & Arvind, K. R. (2013). Development of value stream map for achieving leanness in a manufacturing organization. Journal of Engineering, Design and Technology.
Haefner, B., Kraemer, A., Stauss, T., & Lanza, G. (2014). Quality value stream mapping. Procedia Cirp, 17, 254-259.
Tyagi, S., Choudhary, A., Cai, X., & Yang, K. (2015). Value stream mapping to reduce the lead-time of a product development process. International journal of production economics, 160, 202-212.
Verma, N., & Sharma, V. (2016). Energy value stream mapping a tool to develop green manufacturing. Procedia Engineering, 149, 526-534.
Meudt, T., Metternich, J., & Abele, E. (2017). Value stream mapping 4.0: Holistic examination of value stream and information logistics in production. Cirp Annals, 66(1), 413-416.
Lugert, A., Batz, A., & Winkler, H. (2018). Empirical assessment of the future adequacy of value stream mapping in manufacturing industries. Journal of Manufacturing Technology Management, 29(5), 886-906.
Fluxo de Valor; Mapeamento