A gestão de riscos nas instituições públicas brasileiras: um estudo empírico sobre as suas principais condicionantes
A gestão de risco tem vindo a assumir-se como uma dimensão fundamental para a excelência organizacional, em geral, e para a qualidade dos processos de governança, em particular. O processo de ‘institucionalização’ da gestão de riscos organizacional nas entidades públicas do governo federal iniciou-se em 2016. Volvidos pouco mais de seis anos, o nível de implementação da gestão de riscos nas organizações públicas é muito variável. O principal objetivo da pesquisa é o de mapear os fatores facilitadores e inibidores deste processo. A metodologia usada foi qualitativa com a aplicação de entrevista semiestruturadas aos principais intervenientes deste processo. Os resultados revelam que em organizações onde o ambiente político é instável e a alta gestão muda constantemente, a atuação ativa do Assessor Especial de Controle Interno (AECI), o apoio da auditoria interna governamental e a estratégia de iniciar o processo pelos riscos estratégicos mostraram-se como requisitos indispensáveis para obter o envolvimento da alta administração. Por outro lado, em ambientes organizacionais mais estáveis, em que os dirigentes da alta gestão têm mandatos e o corpo funcional é de carreira, a área de gestão de riscos está mais ligada às instâncias de governança e o processo de gestão de riscos pode começar pelos riscos operacionais.
Palavras-chave: Auditoria Interna. Gestão de riscos. Governança Pública. Setor público.
Ziana Santos is Federal Auditor of Finance and Control – Brazil, civil servant since 2006. Specialist in Public Management from the National School of Public Administration – ENAP – Brazil. She is currently a Master’s student in Management at the Faculty of Economics-University of Coimbra – Portugal. Her research interests are in the areas of risk management, internal audit, public governance and public policy.
Patrícia Moura e Sá is Associate Professor at the Faculty of Economics of the University of Coimbra and researcher at Centre for Social Studies (CES). She has received a PhD. from Sheffield Hallam University (UK). Her research interests are in the areas of quality management in public services and services of general interest, quality planning and service design, and innovation.
Abidin, N. H. Z. (2017). Factors influencing the implementation of risk-based auditing. Asian Review of Accounting, 25(3), 361–375. https://doi.org/10.1108/ARA-10-2016-0118
Audit Commission. (2001). Worth the risk: improving risk management in local government. Audit Commission Publications.
Barrett AO, P. (2014). New development: Risk management – how to regain trust and confidence in government. Public Money & Management, 34(6), 459–464. https://doi.org/10.1080/09540962.2014.962376
Bracci, E., Mouhcine, T., Rana, T., & Wickramasinghe, D. (2022). Risk management and management accounting control systems in public sector organizations: a systematic literature review. Public Money & Management, 42(6), 395–402.
BRASIL. Presidência da República. Controladoria-Geral da União. Instrução Normativa Conjunta no 1, de 10 de maio de 2016. Dispõe sobre controles internos, gestão de riscos e governança no âmbito do Poder Executivo federal. , Diário Oficial da União, Brasília, ed. 89, s. 1, p. 14, 11 maio 2016 § (2016).
BRASIL. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto no 9.203, de 22 de novembro de 2017. Dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. , Diário Oficial da União, Brasília, s. 1, p. 3, 23/11/2017 § (2017).
Castanheira, N., Rodrigues, L. L., & Craig, R. (2010). Factors associated with the adoption of risk-based internal auditing. Managerial Auditing Journal, 25(1), 79–98. https://doi.org/10.1108/02686901011007315
COSO. (2017). Gerenciamento de Riscos Corporativos: Integrado com Estratégia e Performance (IIA Brasil e PWC). São Paulo: Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO).
IBGC. (2017). Gerenciamento de riscos corporativos: evolução em governança e estratégia. São Paulo, SP: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (Série Cadernos de Governança Corporativa, 19). Retrieved from www.ibgc.org.br
ISO. (2018). INTERNATIONAL STANDARD ISO 31000:2018(E). Risk management – Guidelines.
Mahama, H., Elbashir, M., Sutton, S., & Arnold, V. (2022). Enabling enterprise risk management maturity in public sector organizations. Public Money & Management, 42(6), 403–407.
OECD. (2012). OECD Integrity Review of Brazil. OECD Publishing. https://doi.org/10.1787/9789264119321-en
Rana, T., Hoque, Z., & Jacobs, K. (2019). Public sector reform implications for performance measurement and risk management practice: insights from Australia. Public Money & Management, 39(1), 37–45.
Rana, T., Wickramasinghe, D., & Bracci, E. (2019). New development: Integrating risk management in management control systems—lessons for public sector managers. Public Money & Management, 39(2), 148–151.
Selim, G., & McNamee, D. (1999a). Risk Management and Internal Auditing: What are the Essential Building Blocks for a Successful Paradigm Change? International Journal of Auditing, 3(2), 147–155. https://doi.org/10.1111/1099-1123.00055
Selim, G., & McNamee, D. (1999b). The Risk Management and Internal Auditing Relationship: Developing and Validating a Model. International Journal of Auditing, 3(3), 159–174. https://doi.org/10.1111/1099-1123.00057
TCU. (2021). Tribunal de Contas da União. Perfil Integrado de Governança Organizacional e Gestão Públicas – 2021. Retrieved from https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A81881E7BE7E47C017C0DA388291F10
Vieira, J. B., & Araújo, A. B. (2020). Risk management in the Brazilian Federal Government: a ministerial analysis. Revista Do Serviço Público, 71, 404–437. https://doi.org/10.21874/rsp.v71ic.4466
Woods, M. (2009). A contingency theory perspective on the risk management control system within Birmingham City Council. Management Accounting Research, 20(1), 69–81. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.mar.2008.10.003
Auditoria Interna. Gestão de riscos. Governança Pública. Setor público.